segunda-feira, 6 de junho de 2011

Propriedades dos plásticos e propriedades dos vidros: semelhanças e diferenças

As propriedades físicas dos diferentes plásticos são muito semelhantes. São em geral "leves", combustíveis, têm baixa condutividade térmica, um coeficiente de expansão térmica elevado e elevado calor específico.
As propriedades principais dos vidros são: transparência, dureza, fragilidade elevada, resistência mecânica, resistência à corrosão, é um óptimo isolante eléctrico, tem baixa condutividade térmica e é durável. Estas propriedades conferem-lhe algumas vantagens tais como: é reciclável, higiénico, inerte, versátil, e é impermeável. Contudo estas propriedades levam também a que possua algumas desvantagens das quais se salienta: fragilidade; peso relativamente grande, preço elevado, dificuldade no fechamento hermético e dificuldade de manipulação.

Se se fizer uma comparação entre o vidro e os plásticos verifica-se que estes últimos oferecem algumas vantagens:

◙ Menos gastos de energia na sua produção;
◙ Diminuição do peso do lixo;
◙ Redução dos custos da recolha e destino final;
◙ Diminuição do peso;
◙ Diminuição dos riscos no manuseamento;
◙ Maior versatilidade em termos de design;
◙ Menos quebras;
◙ Cada vez mais semelhante ao vidro.

O que são vidros: composição e estrutura

Em ciência dos materiais, vidro é uma substância sólida e amorfa que apresenta temperatura de transição vítrea. No dia a dia o termo refere-se a um material rígido não cristalino de aspecto translúcido e geralmente transparente que resulta da fusão a altas temperaturas.
A produção de vidro faz-se através da moagem da matéria-prima: a sílica (proveniente da areia siliciosa), o óxido de cálcio (fornecido pelo carbonato de cálcio) e o óxido de sódio (fornecido pelo sulfato de sódio ou pelo carbonato de sódio).
          De seguida, a mistura moída é homogeneizada e cozida num forno. Após ter perdido toda a água, junta-se a esta massa o fundente, que, em geral, é constituído por bocados de vidro finamente moídos. A temperatura é elevada até 1200 a 1400o C de acordo com a composição da matéria-prima. Nesta fase juntam-se-lhe os aditivos (dióxido de manganês, borato de sódio e óxido de arsénio) e os corantes (óxidos metálicos), se for caso de se querer obter vidros coloridos. A partir daí a temperatura do forno desce até aos 800 a 400o C, sob a qual o vidro fica pastoso, pronto a ser moldado.                                                                      .
 Muitas vezes é necessário proceder ao recozimento do vidro para melhorar as suas características, com vista à eliminação das tensões residuais que condicionam a sua resistência ao choque.                                                      .
            Assim os ingredientes básicos na composição do vidro são a sílica ou óxido de silício (SiO2), obtida principalmente da areia branca pura, e álcalis (os principais são o carbonato de sódio, o sulfato de sódio e também a cal extinta). Milhares de tipos de vidros são produzidos industrialmente com esses materiais e diferentes técnicas. Todavia, o elevado ponto de fusão e a alta viscosidade tornam muito cara a fabricação de vidros com alto teor de sílica. Por isso os tipos de vidro mais comuns contêm, além de areia, diversas outras substâncias, que variam conforme as aplicações..                                                                    .
             Na composição dos vidros de garrafas, de vidraças e de bulbos de lâmpadas, de baixo custo e largo consumo, entram o carbonato de sódio e a cal. Os vidros empregados na confecção de utensílios de laboratório e no vasilhame de cozinha, resistentes ao calor e ao fogo, contêm borossilicato. Vidros de alta resistência a choques e a altas temperaturas, bem como aqueles destinados a janelas de aviões contêm aluminossilicato. O vidro de elevado grau de transparência, frequentemente chamado cristal, é fabricado à base de chumbo e alcális.
Quanto à estrutura, os vidros dispoem-se conforme uma estrutura não cristalina ou amorfa que consiste na forma como estão espacialmente ordenados os átomos ou moléculas que o constituem. Os sólidos cristalinos exibem uma estrutura ordenada ao nível atómico, replicada no espaço ao longo de distâncias significativas face à dimensão atómica ou molecular, o que é exclusivo dos cristais. As moléculas de um vidro não estão dispostas  numa ordem repetitiva e regular a longa distância. As moléculas mudam de orientação de um modo aleatório ao longo do material sólido.

Alguns tipos de vidros comercializados

Existem muitos vidros que apesar de terem a mesma origem, diferem na composição e, consequentemente, nas temperaturas de fusão diferentes, de acordo com a finalidade a que se destinam. Assim temos o vidro sódico-cálcico que contém 60 a 75% de sílica, 12 a 18% de óxido de sódio e 5 a 10% de óxido de cálcio, o vidro borossilicato que é um vidro silicatado que contem na sua composição pelo menos 5% de óxido de bário e uma pequena quantidade de óxido de alumínio, o vidro de chumbo que contém óxido de chumbo e ainda existem vidros especiais como por exemplo as fibras ópticas que são óxido de silício puro no estado não cristalino.
Os vidros mais comercializados são os seguintes:


Img 1- Funil de vidro comum


Vidro Comum (Vidro sódico-cálcico)


   O vidro comum constitui 90% do vidro que se fabrica e pode ser usado em bancadas, esquadrias, mobiliário e decoração de interiores, por ser plano e possuir óptima transparência. É comercializado nas cores verde, bronze, incolor e fume.






Vidro Temperado
Img 2- Vidro temperado 
  
O vidro temperado, no seu processo de produção, recebe fortes jactos de ar direccionados por toda a sua superfície o que lhe confere uma maior resistência a atritos, sendo menos sujeito a quebra durante o uso. Em caso de quebra fica reduzido a pedaços pequenos e sem pontas, evitando ferimentos.
É comercializado nas cores verde, bronze, fume, pontilhado, incolor e serigrafados. Tem a sua apl
icaçãovitrines e mobiliário.



Vidro Laminado

img 3- Vidro Laminado

   O vidro laminado Padrão é composto por duas lâminas de vidro e uma película de Polivinil Butiral. Através desta película, o vidro torna-se mais resistente a impactos frontais. Outro aspecto importante é que, em caso de quebra, os estilhaços ficam presos à película, reduzindo o risco de ferimentos. Existe também o laminado múltiplo, para casos de resistência à bala, usando 3 vidros ou mais.
É utilizado em cabines, fachadas, divisórias, coberturas, clarabóias, guarda corpos, pisos e revestimentos. São vendidos nas cores verde e incolor.

Img 4- Vidro jateado


Jateados
  
Habitualmente utilizado em divisórias, portas e fachadas, o vidro jateado é produzido em cabine fechada com pós-abrasivos. É possível reproduzir desenhos, fotos e figuras estampadas na superfície do mesmo. Permite criar privacidade devido ao seu aspecto opaco.




Vidro Quadrato

Img 5- Vidro Quadrato
   O  vidro quadrato, possui uma textura delicada em forma de pequenos quadrados. Este vidro é novo e como tem um design moderno proporciona bem-estar, aconchego e sofisticação a cada ambiente, valorizando e engrandecendo projectos residenciais e comerciais. O Quadrato transforma-se em elemento estético que garante privacidade sem perda da luminosidade, combinando com os mais variados estilos de decoração.
É aplicado em divisórias, portas e janelas. É comercializado na cor incolor.


Pirex (vidro borossilicato)

Img 6- Vidro Borossilicato
   As suas propriedades de resistência ao calor tornam este tipo de vidro útil em material de laboratório que tenha que suportar temperaturas elevadas. O seu baixo coeficiente de dilatação permite que instrumentos de vidro possam manter a precisão das suas medidas mesmo quando sujeitos ao calor. Outro uso comum é como utensílio de cozinha, quer pelos recipientes e pratos resistentes à temperatura dos fornos, quer pelos copos graduados para medir quantidades de ingredientes.




Fibra óptica (vidros especiais)


Img 7- Fibras Ópticas
    Podemos encontrar aplicações do uso de fibra optica na medicina (endoscopias por exemplo) como também em telecomunicações (principalmente internet) em substituição aos fios de cobre.





Cristal (vidro de chumbo)

  
Img 8- Cristal

    Na linguagem corrente e no comércio, a palavra cristal é utilizada para designar vidros de elevada transparência e qualidade, genericamente comercializados como cristais. Estes cristais de vidro não são mais do que vidro com um elevado teor de óxido de chumbo, os quais, como vidros que são, não têm estrutura cristalina, já que neles os átomos não apresentam qualquer forma de arranjo regular.
   O cristal é usado no fabrico de peças decorativas consideradas muitas delas obras de arte.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Estrutura polimérica, estrutura vítrea e estrutura cristalina

Polímeros e vidros são materiais sólidos com estrutura desordenada que, ao passar da fase sólida para a fase líquida, não sofrem verdadeira fusão, como os materiais cristalinos, mas sim uma transição de fase chamada de transição vítrea.

Estrutura polimérica
Os polímeros são materiais compostos por macromoléculas. Essas macromoléculas são cadeias compostas pela repetição de uma unidade básica, chamada mero. Daí o nome: poli (muitos) + mero. Os meros estão dispostos um após o outro, como pérolas num colar. Uma macromolécula assume formato muito semelhante ao de um cordão.
A matéria prima que dá origem ao polímero chama-se monómero. Por exemplo no caso do polietileno (PE) é o etileno (ou eteno).
O monómero é obtido geralmente a partir do petróleo ou gás natural, pois é a forma mais barata. É possível obter monómeros a partir da madeira, álcool, carvão e até do CO2, pois todas essas matérias primas são ricas em carbono, átomo principal que constitui os materiais poliméricos, mas torna-se mais dispendioso.
No quadro 1 encontra-se uma representação de um monómero e de um polímero.


A técnica de fabricação essencial na indústria é o processo pelo qual as unidades básicas, os monómeros, são reunidas. Há dois meios comuns de fazer isso, conduzindo a estruturas moleculares intrinsecamente diferentes e, portanto, a propriedades diferentes. A polimerização por adição implica ligar os monômeros juntos numa cadeia, em geral pela aplicação de calor e pressão, na presença de um catalisador. Os monómeros podem ser do mesmo tipo ou de diferentes tipos, como em co-polimerização.
A polimerização por adição forma cadeias articuladas, com vários graus de ramificação. Isto normalmente conduz a materiais flexíveis, cuja rigidez aumenta com o comprimento das cadeias e a quantidade de ramificações. Também produz, geralmente, propriedades "termoplásticas", permitindo que o material seja amolecido sob calor. Os materiais característicos são o polyvinil chloride (PVC) e o polymethyl methacrylate (PMMA ou acrílico).
Polimerização por condensação implica uma reação química entre dois monómeros, levando a uma reconstituição da sua estrutura molecular e à eliminação de um subproduto como a água, com uma estrutura resultante, frequentemente mais interligada do que a produzida pela polimerização de adição.
A interligação cruzada das estruturas poliméricas proporciona grande rigidez, mas com menos capacidade de ser processada por "calor" ou "fusão".
Os termoplásticos, que são produzidos com polimerização por adição ou por condensação, amolecem sob a aplicação de calor.
Os plásticos termoestáveis - "thermosetting" (que se estabilizam pelo calor) - são sempre produzidos com polimerização por condensação, estabilizados e solidificados quando aquecidos, e não podem ser amolecidos de novo sob calor,.

Estrutura Vítrea
            Qualquer que seja o tipo de vidro apresenta uma estrutura amorfa ou vítrea, isto é, um estado de matéria que combina a estrutura ordenada dos materiais sólidos cristalinos, com a estrutura desordenada, característica dos líquidos –  estado vítreo. Os átomos no vidro, embora apresentem um arranjo desordenado, apresentam uma posição fixa.


O vidro apresenta  um comportamento particular durante o arrefecimento. Como se sabe, resulta de um arrefecimento rápido de materiais que foram fundidos, tornando-se rígidos, sem, no entanto, adquirirem uma estrutura sólida cristalina.
Contudo, o processo inverso da fusão é a cristalização, que surge normalmente, por arrefecimento do líquido, à mesma temperatura que ocorre a fusão. Por exemplo, um material que funde a uma temperatura de 1500ºC, cristaliza à mesma temperatura, quando se verifica o arrefecimento do material fundido.
Assim, para que ocorra vitrificação é necessário que o arrefecimento seja de tal forma rápido, que não dê tempo para haver uma reorganização da estrutura atómica dos materiais, requerida pela cristalização.

Estrutura cristalina
A estrutura cristalina de um sólido é a designação dada ao conjunto de propriedades que resultam da forma como estão espacialmente ordenados os átomos ou moléculas que o constituem. Note-se que apenas os sólidos cristalinos exibem esta característica, já que ela é o resultado macroscópico da existência subjacente de uma estrutura ordenada ao nível atómico, replicada no espaço ao longo de distâncias significativas face à dimensão atómica ou molecular, o que é exclusivo dos cristais.

Dado que, de maneira geral, a matéria sólida, se apresenta sob dois estados fundamentais de ordenação: o amorfo e o cristalino, como é óbvio, apenas os sólidos que tenham uma estrutura interna ordenada, os cristalinos, apresentem estrutura cristalina.
As estruturas cristalinas estão presentes em diversos materiais, em que os átomos distribuídos dentro de sua estrutura formam uma rede chamada retículo cristalino. Possuem estruturas cristalinas os sais, metais e a maior parte dos minerais.




As moléculas das estruturas cristalinas podem possuir dois tipos de ligações, as direccionais, em que se incluem as covalentes e dipolo-dipolo e as não-direccionais em que estão as ligações metálica, iónica, Van Der Walls.
As estruturas cristalinas são formadas por células unitárias que são a sua unidade básica, pois constituem o menor conjunto de átomos associados encontrados numa estrutura cristalina.
Há sete tipos de sistemas cristalinos que abrangem as substâncias conhecidas pelo homem:
  • Cúbico: em que todos os ângulos são iguais a 90º
  • Tetragonal: em que todos os ângulos são iguais a 90º
  • Ortorrômbico:  em que todos os ângulos são iguais a 90º
  • Monoclínico: em que há dois ângulos iguais a 90º e dois ângulos diferentes de 90º
  • Triclínico: em que todos ângulos são diferentes e nenhum é igual a 90º
  • Hexagonal: em que dois ângulos são iguais a 90º e um ângulo é igual a 120º
  • Romboédrico: em que todos os ângulos são iguais, mas diferentes de 90º.

 

terça-feira, 31 de maio de 2011

Os plásticos como substitutos do vidro


Nos últimos anos tem-se vindo a verificar uma progressiva substituição do vidro pelo plástico, nomeadamente ao nível de materiais de construção, na área da saúde, lentes embalagens e na indústria automóvel embora haja ainda um segmento importante onde o plástico está a ter dificuldades de penetração que é o das bebidas. Na realidade o comércio das bebidas em particular o do vinho e da cerveja continuam a dar clara preferência ao vidro como vasilhame.
Esta tendência tem-se alicerçado nalgumas vantagens do plástico relativamente ao vidro, das quais se podem destacar o facto de ser inquebrável, resistente à fricção, pouco denso o que lhe confere leveza e ser económico. Apresenta contudo como desvantagem relativamente ao vidro o facto de ser pouco resistente ao calor e riscar com facilidade.



Reciclagem de vidro: condicionantes do processo e características do produto final

      O vidro é um material que não se pode determinar com exactidão o tempo de permanência no meio ambiente sem se degradar. Sabe-se sim que esse tempo é muito grande. Daí a importância de se proceder à sua reciclagem.
A Reciclagem do vidro é o processo pelo qual o vidro é reaproveitado para criar novos materiais, o processo dá-se basicamente derretendo o vidro para a sua reutilização. Dependendo da finalidade do seu uso, pode ser necessário separá-lo em cores diferentes. As três cores principais são: vidro incolor, vidro verde e vidro âmbar.
A reciclagem do vidro começa com os consumidores. Em vez de deitarem as garrafas vazias no lixo, devem deitá-las no vidrão. O “vidro velho” depositado nos vidrões chama-se “casco” e é recolhido por muitas Câmaras Municipais para ser vendido às indústrias vidreiras. Desde modo, não só se diminui o volume e o peso dos resíduos domésticos a tratar, como se gera mais uma fonte de receitas para as Autarquias. O “vidrão” é um contentor que deve ser usado exclusivamente para as embalagens de vidro. Para que a reciclagem seja bem sucedida, os consumidores não devem colocar no “vidro” outros materiais, tais como metais, plásticos, pedras, louças, lâmpadas, vidros de janelas ou espelhos, restos de comida, papéis, etc.


Em Portugal já se recicla cerca de 30% do vidro usado. É uma taxa de reciclagem muito boa, que ainda pode ser aumentada. Isso depende de todos nós: o vidro é no vidrão! 
A partir de uma tonelada de casco, pode produzir-se uma tonelada de vidro novo. Trata-se de um rendimento de 100 %, logo uma situação extremamente favorável à indústria do vidro de embalagem. Para obter a mesma quantidade de vidro a partir de matéria-prima seria necessário 1,2 toneladas da mesma.
Além da redução do consumo de matérias-primas retiradas da natureza a reciclagem de vidro implica um gasto de energia consideravelmente menor do que a sua manufactura através de areia, calcário e carbonato de sódio. Por cada 10 % de casco adicional que é introduzido num forno, obtém-se 2,5 a 3 % de poupança no consumo de energia. Caso fosse possível obter casco em qualidade e quantidade suficiente, para ser 100 % o valor de incorporação deste num forno, então a poupança seria de 25 a 30 %. É de salientar que as fábricas de vidro de embalagem existentes em Portugal (algumas delas bastante antigas) possuem de um modo geral a melhor tecnologia disponível internacionalmente, pois caso contrário não teriam capacidade competitiva.
O vidro reciclado tem praticamente todas as características do vidro comum e pode ser reciclado muitas vezes sem perder as suas características e qualidade.

Tipos de vidros recicláveis
- Garrafas de sumos, refrigerantes, cervejas e outros tipos de bebidas;
- Potes de alimentos;
- Cacos de embalagens de vidro;
- Frascos de perfumes, de remédios, de condimentos e de produtos de limpeza;
- Vidros planos e lisos.

Tipos de vidros não recicláveis
- Vidros de janelas;
- Espelhos;
- Vidros de automóveis;
- Ampolas de remédios;
- Utensílios de mesa de vidro temperado;
- Tubos de televisão e válvulas.


A Indústria vidreira em Portugal: perspectiva histórica e matérias-primas.


                Foi só no século XVIII que se estabeleceu em Portugal a indústria vidreira - na Marinha Grande - que ainda hoje existe. Anteriormente, há notícia, desde o século XV, da existência de alguns produtores artesanais de vidro. É conhecido o labor do vidreiro Guilherme, que trabalhou no Mosteiro da Batalha. O vidro era obtido através da incineração de produtos naturais com carbonato de sódio (erva-maçaroca). Houve diversos fornos para a produção vidreira em Portugal, mas a passagem de uma produção artesanal, muito limitada, para a produção industrial foi lenta. Uma fábrica existente em Coina veio a ser transferida para a Marinha Grande, em consequência da falta de combustível. Estava-se no reinado de D. João V. A proximidade do Pinhal de Leiria, teria aconselhado a transferência da antiga Real Fábrica de Coina. Depois, o Marquês de Pombal concedeu um subsídio para o reapetrechamento desta fábrica vidreira na Marinha Grande.
Em 1748 estabeleceu-se na Marinha Grande John Beare, dedicando-se ali à indústria vidreira. A abundância de matérias-primas e de carburante aconselhavam o fomento dessa indústria naquela região. Em 1769 o inglês Guilherme Stephens beneficiou de importante protecção do Marquês de Pombal e estabeleceu-se na mesma localidade: subsídios, aproveitamento gratuito das lenhas do pinhal do Rei, isenções, etc. A Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande desenvolveu-se a ponto de ser Portugal, a seguir à Inglaterra, o primeiro país a fabricar o cristal.
Mais tarde, em 1824, o industrial José Ferreira Pinto fundou a fábrica Vista Alegre, destinada à produção de vidros e loiças estando sediada em Ílhavo.
Passado um século, a fábrica “Irmãos Stephens”, na Marinha Grande, inicia a produção dos primeiros moldes para vidro em ferro fundido. Em 1948, mais de metade das fábricas de vidro existentes no país localizam-se no concelho de Marinha Grande, tornando-se no maior pólo da indústria vidreira em Portugal.
Em 1968 é constituída a CIVE - Companhia Industrial Vidreira, SARL.
           

Hoje em dia grande parte das empresas da indústria 
 vidreira está concentrada na Zona da Marinha Grande onde existe uma tradição e uma cultura bem enraizadas e, ao mesmo tempo, durante anos uma forte dependência regional do sector a nível económico e social.
Vista Alegre